terça-feira, 5 de junho de 2012

"A casa dos espíritos", de Isabel Allende



Título: A casa dos espíritos
Título original: La casa de los espíritus
Autor: Isabel Allende
Ano: 1982
Adaptado para cinema/tv?: Sim - The House of the Spirits (1993, EUA)



O primeiro livro tratado no Livretura é um romance sociopolítico que relata a parte da história do Chile segundo o percurso de três gerações de mulheres, Clara, Blanca e Alba, e de um homem, Esteban Trueba.
Esteban Trueba, o narrador, é um homem obstinado a conseguir mudar sua condição humilde para poder constituir família com Rosa del Valle, uma moça e boa família que possui os cabelos verdes de tão loiros. Clara, a irmã mais nova de Rosa, possui dons sobrenaturais e prevê a morte de sua irmã mais velha. Acreditando ser sua culpa, Clara fica calada por 7 anos (ou seriam 9?), até que prediz a chegada de Esteban para casar-se com ela.
Até então, o cachorro Barrabás e o tio Marcos são elementos secundários da narrativa mas que dão um toque simbólico a todo contexto da infância/adolescência de Clara.
Clara (clarividente!), Férula (irmã de Esteban)  o marido vão morar em Las Três Marias, propriedade que ele comprou e ergueu sozinho (= escravizando dezenas de funcionários), e o casal tem uma filha, Blanca. A menina desde sempre envolve-se com Pedro Tercero (filho do braço direito de Esteban, Pedro Segundo, este, por sua vez, filho do sábio Pedro García). Clara e Blanca envolvem-se com as questões sociais da fazenda, alfabetizando os funcionários e filhos de funcionários e dando instruções sobre saúde. Clara têm mais dois filhos, os gêmeos Jaime e Nicolas. Nesse período, passam a morar na cidade grande (seria Lima?) e Esteban se envolve com a política. Elege-se senador por diversos anos consecutivos pelo Partido Conservador. A partir de então, os fatos são marcados pela tensão entre Esteban e seus filhos e pelas idas e vindas a/de Las Três Marias.
Blanca e Pedro Tercero tentam manter sua relação às escondidas. Jaime torna-se um solitário pensador e se forma em medicina. Nicolas possui o espírito aventureiro como seu tio Marcos (que não chegou a conhecer). Clara continua a ajudar os necessitados mas parece viver em um mundo paralelo, o mundo de seu próprio corpo e de seu próprio espírito. São muitos acontecimentos até a vitória do Partido Comunista e do golpe militar, época em que Esteban já está velho e agora tem a neta Alba.

Ainda minha opinião...
Além dos fatos exemplificados na "sinopse", posso dizer que o que mais me chamou a atenção durante a leitura da obra foi a riqueza de detalhes que a autora apresenta na constituição dos personagens e o nome que ela dá a eles. Esses elementos fazem com que a chegada da ditadura fique mais marcante ainda; por exemplo, o sempre "ditador" Esteban se depara com a ditadura de seu país e começa a ter diferentes reações quanto a essa nova realidade. Outro personagem que considero importante é Esteban García, filho bastardo de Trueba. Todas as passagens em que o dito cujo aparece são marcadas por sua personalidade, a qual parece ter sido herdada, à primeira vista, pelo pai e por sua condição. No fundo não é bem assim...
O livro possui um toque de humor em algumas passagens, principalmente no início, quando Clara "adivinha" onde está a cabeça de sua mãe após o acidente de carro que a matou. Esse humor vai se perdendo conforme a narrativa vai avançando e chegando a seu clímax, ocasião em que o narrador Esteban alterna sua fala com a de sua filha Blanca.

"A casa dos espíritos" vale a leitura por tratar de um tema tão complexo e denso de modo bastante sensível. Ainda estou para entender a razão pela qual não consigo não gostar de Esteban Trueba. Nem Freud explica.



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